quarta-feira, 27 de setembro de 2017

METAMORFOSE



Ele anda em campanha com aquele blusão amarelecido pelo tempo que foi buscar ao baú, para se adaptar, qual camaleão, ao meio envolvente. Não, não fala nas férias de luxo, nos casinos, nos cruzeiros; não,  vai aos escaninhos da memória e fala do tempo em que era pobre e precisava de ganhar a vida honestamente.
Agora não, dá a mão ao grupo que o suporta (sustenta) e ele retribui com a generosidade que se impõe. Não admite que duvidem da sua pobreza, do seu espirito de missão, das dificuldades financeiras que teve de suportar para se manter no cargo ao longo dos anos. Não fala de fome porque parece mal, mas usa um carro utilitário, sem dar nas vistas, calça de ganga, que foi buscar ao baú. Enfim, fala dos tempos idos onde passou privações e  deixou quando lhe saiu a sorte grande eleitoral...
E aquela massa bruta e acéfala acredita e até tem pena da imagem habilmente engendrada pelo seu espírito habituado a todo o género de simulações e de habilidades circenses. Sim, no circo da política é o rei.  Um digno sucessor de "O Principe" de Maquiavel. Até quando? até quando os  que gravitam naquela corja de hipocrisia e de farsa permanente o levarem aos ombros... Alguns começam a ver que "o rei vai nu"...

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

OS LIMITES DA DECÊNCIA

Alguns pretendem fazer dos padres comissários políticos. Querem instrumentaliza-los, fazer deles porta-vozes e tentáculos do poder político. Os mais ingénuos (ou mais oportunistas) deixam-se conduzir. A ambição, o desejo de protagonismo mediático, leva alguns a comer o fruto proibido. O Jornal de Notícias de hoje , 26 de setembro, dá conta de uma oferta de 350 mil euros do PS à paróquia de Leça da Palmeira. E dá conta também do agradecimento feito pelo pároco na missa dominical  de 24 de setembro. Esse agradecimento feito num contexto eleitoral não será censurável? A Vinha do Senhor é plural e tem crentes em todos os segmentos políticos e partidários. Para quê quebrar a isenção e o rigor que devem imperar nestas épocas? Porquê ceder ao eleitoralismo desbragado, ao servilismo, à genuflexão perante o poder político?
Não é digno quem se presta a esta vassalagem.
Já conheci um padre que no próprio dia das eleições,  agradeceu na homilia dominical a dádiva de cinco mil euros para a igreja paroquial. Contou-me particularmente que foi pressionado. Nada disse na primeira missa e recebeu a visita de um emissário do presidente da câmara de Vila do Conde que o "aconselhou" a ler nas outras missas pois poderia o presidente da câmara exercer "vingança" sobre a paróquia.
Isto passou-se na Junqueira, Vila do Conde. O pároco cedeu à "chantagem" para defesa da paróquia perante o receio de vinganças ou retaliações. Disse-me que sofreu antes de tomar a decisão. Sabia que estava a prejudicar a imagem de isenção e de neutralidade que deve ser apanágio da Igreja, mas cedeu. A sua consciência cívica dizia-lhe que podia agradecer por escrito ou na missa seguinte ao ato eleitoral mas a pressão exercida pelo emissário do presidente fora tão forte que optou por defender os interesses da paróquia. Será que o poder político tem razões que a razão não aceita?!

PARÁBOLA DO POLÍTICO ESPERTO


Ele, o político esperto, comprou o manual e usou-o com êxito. Lá dizia que para conduzir o asno-votante era preciso criar-lhe expectativas. Depois era só saber geri-las. Prometia, fazia os seus acólitos prometerem coisas, e o asno-votante, olhando fixamente para a frente, ia levando o político esperto ao poder, docilmente. Começou no Brasil com um político esperto.
A coisa teve êxito retumbante. Em Portugal,  em Gondomar, o político esperto comprou o tal Manual de  Psicologia Barata e aplicou-o com mestria.   Substituiu a cenoura por electrodomésticos  e foi um  êxito retumbante.

Em Vila do Conde, o político esperto foi mais longe ainda. Disse aos seus acólitos:« Nem é preciso dar cenouras, basta prometer...»

E assim fez com êxito assinalável. A "cenoura" eram piscinas por todo o lado. Prometia, prometia e, depois, dizia aos acólitos: «Vamos repetir a dose porque o asno-votante está programado para olhar só em frente. Já lhe meti  naquela cabeça dura que não devia olhar para trás, para o passado. Só podia  olhar em frente».

O êxito foi retumbante. O asno-votante cumpriu cegamente as instruções e o político esperto foi docilmente transportado ao poder.

Até que um dia, um asno-votante leu a PARÁBOLA DO POLÍTICO ESPERTO!!!

Mostrou-a aos outros e eles começaram a olhar para o passado, viram a figura triste que fizeram, comidos por lorpas pelo político esperto. E comentaram entre si: «Vamos ver qual a próxima cenoura e vamos pregar-lhe uma partida»

E  assim foi. O político esperto que era  tratado com veneração e total devoção como um profeta, reuniu os apóstolos e disse: «Vamos agora substituir a cenoura. Vamos arranjar um porco no espeto. E muita cerveja a acompanhar. O asno-votante vai cair outra vez»

Contudo, o asno-votante já deixara de o ser.  Após ter lido a "PARÁBOLA DO POLÍTICO ESPERTO» ficou de  pé atrás. Foi ao porco no espeto  sim, mas não comeu nada. Usou as brasas para queimar o Manual de Psicologia Barata e deu uma grande tareia no político esperto, esse falso profeta que os ludibriava com mentiras,   e nos seus apóstolos, tal como Cristo fizera aos vendilhões do templo, em Jerusalém.

 
 
 
 



terça-feira, 5 de setembro de 2017

Tiro-lhe o meu chapéu

Foi hoje em Junqueira Vila do Conde e não resisto a contar este gesto dignificante. O lixo amontoava-se há quinze dias  .Os bidons estavam cheios e vomitavam garrafas, pacotes, embalagens. Era um pandemónio. As autoridades, certamente ocupadas em distribuir canetas e fotografias dos santinhos candidatos ao poder, não ligavam patavina. O homem, encheu-se de coragem, daquela coragem dos justos, daqueles de quem dizia Mário Soares que têm o direito à indignação, e meteu-se a caminho. Agarrou no telefone e com palavras convincentes e argumentos imbatíveis chamou os responsáveis pelo serviço.

A resposta foi impecável. Pronta e eficaz. Trabalharam certinho (como um motor Rabor) os zelosos funcionários da limpeza municipal. No fim foram presenteados com uma  cerveja  paga pelo cidadão exemplar. Não, não é autoridade, nem nunca  o  foi. Mas merece que lhe tire respeitosamente o meu chapéu. Parabéns senhor A. Pereira.

Santos & Pecadorews...

Num país forte e plural
Há que roubar sem pudor
Cadastro, já não faz mal
Paradigma nacional
Currículo sedutor!

.
Quem rouba mais, pode dar
Armar em beneficiente
Foguetes fazer estoirar
Populaça apalermar
Vampirizar toda a gente



Generosidade vil
Uma mão rouba, outra dá,
Alguns dizem-se de Abril
No poder local há mil
Vivem que nem marajá...,


Até o Papa Francisco já abriu os olhos, que espera o povo português para também os abrir!!!