terça-feira, 31 de outubro de 2017

O PÂNTANO DOS PÂNTANOS...








O meu novo livro já tem mais de duzentas páginas e promete ir às mil. Talvez seja editado post mortem, pois para já o país ainda não está preparado pera assimilar a sua mensagem intrínseca. Não sou escravo do mercado. Hoje em dia os escritores escrevem para um prémio aqui, uma sinecura ali, um banho de multidão numa escritaria qualquer. São demasiado vácuos, demasiado a leste da realidade que os circunda. Refugiam-se no passado, no abstrato, no cinzentismo,  para se darem ares, caírem bem nas máfias literárias que a soldo dos impérios financeiros andam por aí. Num ambiente corrupto até a literatura caiu nas suas garras omnipresentes.

Eu não sou vendável. Em ambos os sentidos do termo. Logo, só posso escrever para o futuro. Não tenho veleidade sem ser colunável ou figura de proa do jet set. Sou como sou e não irei mudar. O povo que hoje devora livros é vítima do mediatismo alucinante, do marketing estuporado que aliena, estupidifica, sacraliza alguns de forma excessiva, mas sem aquele carisma imorredoiro que deleita e fascina os veros apreciadores do néctar literário na sua  mais requintada expressão.

Tenho-me divertido imenso. Lamento não poder partilhar tudo, mas vou dar uma pista. Abrir a cortina...

O narrador é o historiador Herculano Seguro, residente nas beiras,  de onde observa a capital com sarcasmo e sobranceria. Uma simbiose de Alexandre Herculano e António José Seguro; tem a lucidez de um Winston Churchill, a paciência de um  Sherlock  Holmes e  a ironia de um Charles Chaplin.
Tal como o conceituado historiador que, farto das intrigas palacianas da capital,  se retirou para Vale do Lobo, também este fez uma cura de distanciamento e rumou ao interior,  de onde vai observando as peripécias de uma rapaziada ignóbil,  que vai dando cabo do país pouco a pouco, contudo,  ostentando um ar de imaculada superioridade e de cretina ousadia. Sempre a incensar-se a si própria e pagando generosamente a turibulários mercenários para o fazerem também. Uma corja!

Herculano Seguro retrata o perfil de um juiz honrado e incorruptível, chamado Alexandrino Salomão, que,  apesar de fustigado por certa comunicação social enfeudada ao vespeiro mandante, contra ventos e marés, leva o barco da justiça a porto seguro. Tem um amigo poeta que lança bordoadas ao putrefato "Sistema", que ele designa por "corja" aristotélica. Chama-se Ramos de Barros.
Quem é José Aristóteles? É o popular  "Zezito",  um provinciano petulante que ascendeu na política de forma muito rápida e astuta à custa da corrupção, do compadrio, da cumplicidade de muitos compagnons de route. É cognominado por Herculano Seguro de " a bomba". É a bomba aspirante-premente da corrupção e das suas teias, dos seus vasos comunicantes. A "bomba" tem uma doença grave, incurável: «a síndrome da aparência!»

Desde pequenote o "Zezito" sofre dessa maleita. Gostava de ser o melhor, o mais atrevido, o mais amado. Pela vida fora essa doença catapultou-o para a fama. Contudo, tinha de pagar caro para ter fama. Habituou-se a pagar e arranjava sempre maneira de outros lhe pagarem mais a ele, para não ficar dependente. Enfim, a tal bomba aspirante premente, aspirava  com astúcia  a este  e àquele e ia premindo, premindo,  para que o fluxo financeiro não parasse e fosse irrigando a vasta selva das suas cortesãs e cortesãos.

José Aristóteles, por vezes,  confessava aos amigos íntimos  que era vítima das suas meretrizes . Mas queixava-se de,  também   ele, ter "rameiros" no seu séquito, na sua  vasta corte, no seu rol de tentáculos. Fazia-se pagar caro pelo banqueiro Ricardo Água Doce, quando este lhe pedia algum favor, mas também era saqueado por alguns a quem pagava generosamente. Ricardo Água Doce também sofria de uma doença grave: a generosidade patológica, a prodigalidade.

Mas também sabia ser pródigo consigo próprio, tinha sacos azuis disfarçados em todos os paraísos fiscais, a que dava o nome de "ninhos". Tinha o cuidado de afirmar, quando lhe gabavam essa generosidade galopante: «tenho ovos em vários ninhos" e "a poedeira continua a esmerar-se pois são sempre ovos de oiro...".  A poedeira era o banco que levaria ao pântano, muito mais tarde...

O juiz Alexandrino Salomão vivia mal, passava noites em claro, mas era escravo da sua consciência moral, do seu amor à causa nacional, enfim, tinha sempre em mente que vestia a camisola do povo, dos desfavorecidos, dos lesados pela ganância (doença?) dos "donos disto tudo", como dizia aos amigos e confidenciava à família. Mas não era um homem cinzento e frio como argumentava Aristóteles. Ele não podia frequentar festas, manifestações mundanas, restaurantes de luxo, porque não dispunha de meios e a natureza específica da sua função,  também o exigia. O dever de recato e a reserva eram atributos que ostentava com orgulho. Era um "miserável", no sentido de austeridade, da vida espartana que levava. Fazia da sua missão um sacerdócio, era tido como o novo Cristo que empunhava o chicote da justiça para expulsar os vendilhões do templo democrático.

Mas tinha um secreto prazer na sua missão. Desvendar mistérios, fazer cair os anjos hipócritas da sociedade, desmascarar os fariseus da nova era. Descobriu até que o fariseu Aristóteles mandava escrever livros para ser ele a publicar e fazer constar que eram de sua autoria. Pagava caro ao escritor e usava testas de ferro para encaminhar fluxos financeiros diversos para despistar a justiça.
Quando foi descoberto,  ele gritou, barafustou, e usou os megafones mediáticos dos seus sicários para berrar alto e bom som: «E tudo um embuste, um romance, uma campanha negra contra mim!»

Mas Aristóteles também tinha virtudes. Gostava de animais. Tinha até uma cadelinha de luxo a quem depositava os mais recônditos segredos. Chamava-lhe Branquinha,.. era a sua branca de neve.

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

O PERSEGUIDO, FILME PORTUGUÊS...





 
 
Vivo à grande e à francesa
Não é segredo o que peço:
Luvas por baixo da mesa!
Já posso ostentar riqueza
Ser  escritor de sucesso.
 
Eu não sei nada de nada
IVA ou IRS, mistério!
Tenho a carteira abastada
Causo uma inveja danada
Sou honrado e muito sério...
 
Tenho amigos generosos
Que me dão prendas, milhões!
Eu detesto os curiosos
Frustrados e invejosos
Que perguntam as razões...
 
Colocaram-me a mandar
Meteram-me o "pau na mão"
O povo em mim quis votar
Agora sou o vilão?!
Tenho carisma... um "dom"
Sei,  o vil metal sugar!!!
 
Eu jamais serei culpado
Dão-me luvas, dão  chapéus
Agradeço o que me é dado
Cumpro com o acordado
Somos leais... nunca réus!!!

domingo, 29 de outubro de 2017

Cardeal polémico...

D. Manuel Clemente o cardeal patriarca de Lisboa vem dizer que Martinho Lutero é um fonte de inspiração para a Igreja Católica. Isto, se fosse dito há cinquenta anos, seria um escândalo; hoje, com os novos ventos regeneradores, é perfeita e pacificamente aceite sem contestação. De facto a figura d e  Lutero, um dissidente, que teve as suas razões para o   ser, começa a ser  branqueada e até enaltecida pois foi dos primeiros a ousar criticar as cúpulas da IC embriagadas pelo vil metal e pelo luxo. Entre nós o próprio Gil Vicente, um pedagogo extraordinário, um homem de bem, um desmistificador por excelência viu os seus últimos dias enegrecidos  por causa da simpatia manifestada em Amsterdão pelas ideias regeneradoras de Martinho Lutero e Calvino.

Hoje em dia, até Eça de Queiroz, um escritor que continua no "Index" da IC , poderá ser fonte de inspiração (dentro de certos limites, é óbvio) pois  contribuíu  para desmistificar um universo pútrido que funcionava adentro de uma instituição que se autoproclamava defensora de todas as virtualidades,  mas que, na prática, vamos sabendo isso agora, paulatinamente, detinha dentro de si o gérmen do pecado, da criminalidade e do abuso de poder no patamar mais elevado.
 Por vezes, certas figuras, consideradas semideuses, à custa de um culto de personalidade artificialmente criado por púlpitos mediáticos e pela omnipresente corrupção, são de facto, criaturas medonhas, sem um pingo de ética, sem um resquício de vergonha na cara e capazes dos  atos  mais hediondos. Mais tarde, quando o seu poder começa a diminuir, a sua influência se esvai,  e surgem, quais icebergues, as montanhas de delinquência e de criminalidade que estavam emersas, sob a conivência de mediatismos artificiais, todos ficamos estupefactos como foi possível manter por tanto tempo as aparências..

Nomes? São tantos e tão óbvios que não é preciso citar. A nível nacional e internacional os escândalos surgem em catadupa. A própria IC se dá conta disso intramuros.

Preciso é ter o bom senso de admitir que todos somos potencialmente pecadores, potencialmente diabos, mas que, todos gostamos de surgir aos olhos da turba, como anjinhos imaculados. Todos, sem exceção. Incluindo papas, cineastas, políticos, banqueiros, autarcas, professores, atletas.

sábado, 28 de outubro de 2017

Crise na Catalunha...





A declaração unilateral de independência pelo parlamento catalão é algo que deve preocupar toda a União Europeia. O processo tem vertentes que importa analisar com prudência. Se é certo que é um crime de traição à pátria, logo  punivel por lei, há a convicção de que a Catalunha está a ser preterida e marginalizada em alguns aspetos, sendo legítima  a insubordinação. Depois, há também a questão monárquica. Cada vez mais há um movimento republicano que está aparentemente adormecido mas poderá eclodir com vigor, se o Estado usar a violência para reprimir os independentistas. O caldo de cultura existente é suscetível de  gerar anticorpos latentes na sociedade contra o próprio regime monárquico.

Enfim, a reboque da questão catalã poderá vir a questão do regime: monárquico ou republicano...

A Espanha está em polvorosa e  os danos financeiros e similares (agitação bolsista, fuga  das sedes de empresas, agitação social, violência potencial...) poderão potenciar uma guerra civil larvar...Portugal será o país europeu mais afetado, como é óbvio.

A prudência e a contenção deverão ser a tónica dominante. Madrid tem a lei a seu lado e tudo fará para sabotar esta tempestade num copo de água(?) não abusando da força mas também não deixando de usar o poder como qualquer estado soberano deve fazer se quiser manter a sua integridade. Isto é algo de preocupante pois poderá ser um rastilho para novas erupções independentistas. A União Europeia tudo fará para que não floresça este movimento independentista pois poderá ser o princípio do fim. Há que ter calma e ponderação mas sem tibiezas há que disciplinar sob pena de se gerar a curto ou a médio prazo uma situação caótica.

sábado, 14 de outubro de 2017

FIGAS, CERTIFICADO POÉTICO!!

VER AQUI





 Poeta d'eleição, Figas já é
Certifico eu, sem hipocrisia;
E nem solicito o voto à  ralé
Recorro, tão só, à ... poetometria!
 
 
 
Qual a craveira? Não posso dizer.
O dirá o Juiz-Tempo,  'stou crente.
Génios? Há poucos, todos querem ser...
O Devir falará, obviamente!
 
rouxinoldebernardim

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

INUNDAÇÕES A SEGUIR AOS FOGOS?!



As tragédias sucedem-se em Portugal. Depois dos episódios dramáticos vividos em Pedrógão Grande e limítrofes, surgiram agora novos e dantescos incêndios elevando o numero de vítimas fatais para a centena.
Será fatalismo?! Haverá organização criminosa a tutelar tudo isto?!

É bem possível que os fenómenos naturais sejam o potenciador. No entanto,  poderá haver aproveitadores.

Era bom que os organismos responsáveis investigassem a fundo tudo isto pois não é natural tanta calamidade. Não poderá ser só incompetência e falta de planificação governamental (que a há, obviamente),  mas a mão criminosa pode estar aí, também.

Será que as inundações irão provocar também danos  neste já tão martirizado país?

Será que os rios Mondego, Vouga, Douro,  Tejo e outros , irão fazer das suas?
Será que a Madeira será de novo fustigada?

Era bom que se prevenissem situações criando mecanismos de  supervisão a fim de minimizar os efeitos sempre danosos.

Há meios de reduzir o impacto destes excessos. Há que tomar medidas atempada e prudentemente.

O improviso, o desenrasque, as medidas avulsas tão típicos do português  vulgar de Lineu não são compatíveis com a gravidade destes excessos climatéricos que nos vão martirizando ano a ano,  e os responsáveis cruzem os braços e digam que é "fatal", é  "normal"...

Há que ir a fundo, estudar as questões e envolver meios adequados para minimizar (já que não se podem evitar) os danos emergentes.

Portugal precisa de governos sólidos, competentes, capazes de planificar e não gente bem disposta, capaz de muito palavreado e muitas entrevistas grandiloquentes mas  ineficaz.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Operação Marquês- A Acusação!


Finalmente surgiu a acusação nesta famigerada Operação Marquês.
 

VER AQUI  e AQUI NA VISÃO

Antes de lerem as 4.000 páginas já  se tecem considerações de toda a ordem. Uns para atacar e outros para defender. É óbvio que a comunicação social tem publicado muitas peças que denunciam graves irregularidades e indiciam práticas altamente nocivas. É óbvio que indícios são indícios e provas são provas. Daí que muito embora já se saiba que José Sócrates e Ricardo Salgado são tudo menos pessoas de bem, era útil alguma contenção pois até ao lavar dos cestos é vindima...

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Amália Rodrigues, uma diva

Faleceu em 6 de Outubro de 1999 mas continua a encher-nos de musicalidade e de luminosidade poética. No céu, Santa Amália, certamente deixará o próprio Deus orgulhoso da obra produzida...
A minha modesta homenagem, hoje:


Amália não foi embora
Eterna é a sua voz
Está a cantar no céu, agora,
Está à espera de nós!
 
P'ra lá vamos, com certeza,
Temos um lugar cativo
Já nos reservou a mesa
E veremos Deus... ao vivo!
 
Amália não morre mais
Tem o dom da eternidade
Ela fica nos anais
Podem crer, isto é verdade!
 
O fado é puro prazer
Que nos leva à santidade
É o coração a bater
É o altar da oralidade.
 
Amália, halo divino,
Naquelas cordas vocais
Voa ao colo do Destino
Amália não morre mais!




domingo, 1 de outubro de 2017

Carta do diretor ao leitor



Meu caro senhor Júlio Feliz, recebi o seu pedido de  publicação, ao abrigo da lei, mas não vou fazê-lo.  O senhor tem uma carta estranhíssima, deve ter sido manipulado por forças tendenciosas vindas do exterior. Sim, só do exterior, pois do interior era impossível  Julgo até que o senhor não está bem, não atravessa um período fácil. Não está como o conheci: obediente, servil, bem educado.
Sempre conduzi o rebanho com mão de ferro. Ovelha que se tresmalhe, as outras não precisam de saber...
Agora parece possesso de alguma ventania reviralhista e quer sair da "Organização".
Sabe bem que em tempo de guerra (guerra eleitoral) a censura é permitida para não desmotivar as tropas;  é isso que farei. Notícias "boas" sim, publico,  as "más",  jamais.
O senhor Júlio Feliz sabe bem que me chamo Maquiavel e isso não perturba o eleitorado que sempre viu em mim um vencedor.
O que importa é o resultado final, os fins, não a forma como foram obtidos, os meios usados. É pragmatismo.
Se para melhor usar a nossa liberdade for preciso retirar liberdade aos outros,  retira-se! Já fiz isso muitas vezes. Tem resultado sempre.
 
 
Nicolau Maquiavel, o triunfador, o credível

O povo não percebe nada de éticas, deontologias, princípios nobres, o que o povo quer é obter resultados práticos, saber quem manda.
Não quero ser longo. Estou-me borrifando para a lei, para a moral e para a verdade. Isso não dá votos,  só dá para discursos pomposos.

Não publicarei o seu desmentido pois iria criar a falsa convicção nos leitores  de que somos  mentirosos, falsos. O que daria uma má imagem ao nosso jornal. Isso jamais acontecerá!

Resumindo e concluindo: trate-se , tome a medicação certinha e mais tarde conversamos. Até lá, desejo-lhe rápidas melhores.

O DIRETOR (de facto)

Mário Maquiavel